quarta-feira, 25 de março de 2009

II SEMINÁRIO BRASILEIRO CONTRA O RACISMO AMBIENTAL É REALIZADO NO CEARÁ.



Com o tema Racismo Ambiental - disputa pelo território e capitalismo: desenvolvimento para quê e para quem? , o Grupo de Trabalho (GT) de Combate ao Racismo Ambiental, criado na Rede Brasileira de Justiça Ambiental em 2005, realizará, nos próximos dias 23 a 25 de março, o II Seminário Brasileiro contra o Racismo Ambiental.




cartaz do evento



Os dois primeiros dias do encontro acontecerão em Fortaleza, das 8h30min às 18h, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (Rua Meton de Alencar S/N, Centro). O terceiro, das 7h às 18h, no município de São Gonçalo do Amarante, na comunidade do Povo Indígena Anacé, que vivencia múltiplos conflitos com a instalação e o incremento do Complexo Industrial Portuário do Pecém.
Na programação, ganharão destaque os debates sobre disputa pelo território e os conflitos socioambientais no Brasil, incluindo os conflitos urbanos; os desafios para os sujeitos sociais no enfrentamento do Racismo Ambiental e as estratégias de resistência da sociedade civil organizada. Participam do Seminário representantes de povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, ribeirinhos, comunidades urbanas, além de várias outras organizações, movimentos sociais e universidades de todas as regiões do Brasil.
O II SBCRA tem como objetivo dar continuidade e ampliar articulações, diálogos estratégicos e parcerias entre comunidades atingidas pelo Racismo Ambiental, movimentos sociais, organizações não-governamentais, acadêmicos e pesquisadores, como vem acontecendo desde o I Seminário, realizado em 2005, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Rio de Janeiro. Além de dar visibilidade ao tema, a idéia envolve ainda promover trocas de saberes, conhecimentos e experiências de resistências às injustiças socioambientais, incentivando estudantes, educadores e lideranças de movimentos sociais a desenvolverem ações, estudos e pesquisas sobre o tema central do Seminário.
Entre os principais palestrantes e debatedores de outros estados presentes ao II Seminário, destacamos José Augusto Laranjeiras Sampaio, antropólogo e coordenador executivo da Anaí - Associação Nacional de Ação Indigenista; Crispim Santos, quilombola de Santo Francisco do Paraguaçu, Bahia (sob ameaça de morte por sua luta); Maria José Honorato, da Comissão Pastoral da Pesca da Bahia; Nahyda Franca e Itamar Silva, da ONG Ibase e José Cardoso, Articulador do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Os conflitos causados por Racismo Ambiental no Ceará serão denunciados pelo Professor Jeovah Meireles (da UFC), por Meire Coelho e Francisca Sena (Instituto Negra do Ceará - INEGRA), João do Cumbe (REALCE), Ceiça Pitaguary (APOINME - Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), dentre outros.
Nessa segunda versão, o encontro está sendo organizado pelas entidades que compõem o GT de Combate ao Racismo Ambiental no Ceará: Núcleo Tramas e Departamento de Geografia, ambos da UFC; Instituto Terramar; Central Única das Favelas; e Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará. Outra particularidade deste II Seminário BCRA é que ele ocorrerá de forma articulada com o III Encontro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, que será realizado no período de 26 a 28 de março no SESC Iparana, no município de Caucaia.
Para entender melhor
"Chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre grupos étnicos vulneráveis e outras comunidades, discriminadas por sua origem ou cor” Tânia Pacheco.
O debate sobre Racismo Ambiental no Brasil emerge a partir do acirramento dos conflitos socioambientais gerados pelas políticas de desenvolvimento econômico hegemônicas, em nosso País e no mundo. Os movimentos sociais, organizações da sociedade civil, críticos e intelectuais denunciam que tal modelo de desenvolvimento tem historicamente se baseado na sobreexploração dos bens ambientais e de grupos sociais considerados inferiores. É o caso das populações pobres dos centros urbanos, das populações negras, dos povos indígenas, de ribeirinhos, pescadores, quilombolas e outras comunidades cujos modos de vida e trabalho estão diretamente associados aos ambientes naturais, sobre os quais são moldadas suas culturas, tradições e demais dimensões de suas próprias existências.
Os impactos provocados pelas formas de ocupação do nosso território, marcados por grandes projetos econômicos como a siderurgia, as monoculturas, a carcinicultura, as barragens, as hidrelétricas e termelétricas, e o turismo predador, dentre outros, colocam em risco a continuidade do planeta e a soberania dos povos. Em nome da ganância, de uma acumulação centralizadora e concentradora de riquezas, produz-se e agrava-se cada vez mais a pobreza e as desigualdades no mundo.
Serviço:
Data:23, 24 e 25 de novembroLocal: Faculdade de Direito - UFCHorário: 08:30 às 18h
Contatos: Cristiane Faustino (Instituto Terramar) (85) 88377665Luciana Nóbrega – (secretaria do evento) (85) 88521420Luciana Queiroz (Instituto Terramar) – (85) 86504880
Notícia enviada por: Aline Baima
20/03/2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Mapeamento de adolescentes revela aumento da infertilidade dos mangues


Sustentabilidade dos manguezais. Essa foi a lição escolar dada para um grupo de 30 adolescentes estudantes de escolas públicas municipais e estaduais de Aracati. Ao invés de português e matemática, os alunos tiveram aula sobre meio ambiente e legislação ambiental.

Para marcar a conclusão do projeto “Jovens Ambientais”, organizado pela Associação Filhos do Mangue de Aracati, os adolescentes realizaram um levantamento da fauna e flora nos manguezais da região e produziram um estudo sobre os impactos sociais e ambientais da carcinicultura e do lixo nas comunidades que margeiam o rio Jaguaribe, localizadas em área de mangue. “A participação dos adolescentes no projeto foi surpreendente, pois apesar da pouca idade eles se envolveram e perceberam a importância de se tornarem multiplicadores do que aprenderam sobre suas comunidades”, afirmou José Edvan Moreira, vice-presidente da Associação.

Interessados em investigar a realidade de onze comunidades ribeirinhas localizadas entre Aracati e Fortim, os adolescentes passaram oito meses em atividades de formação. Após as pesquisas, o grupo apontou uma realidade crítica: aumento da área de manguezal infértil nos últimos dez anos, devido ao crescimento desenfreado da carcinicultura. Depois do aprendizado prático, os adolescentes voltaram às comunidades para repassar o que aprenderam. “O foco da pesquisa feita pelos adolescentes foram os impactos sentidos após a instalação de empresas de carcinicultura nas comunidades. A idéia é inserir as comunidades na Rede de Turismo Comunitário do Ceará”, disse o vice-presidente da Associação.

José Edvan afirmou que a mudança pode ser percebida por todos os moradores. “As árvores não crescem mais como antes e há uma diminuição visível de animais como caranguejos e aratus, além do desaparecimento de algumas espécies”, observou. Segundo José Edvan, muitas espécies desapareceram da região.

Entre elas, os guaxinins e raposas vermelhas, nas comunidades Cumbe e Canaviera; o caranguejo tesoureiro que hoje só resiste em Fortim e Icapuí. “As garças também estão ameaçadas. Antes, 20 mil garças chegavam à idade adulta e hoje apenas 7 mil conseguem chegar a esta fase”, ressaltou o vice-coordenador.

Realidade vivida no cotidiano de muitos meninos que viram as empresas invadirem a cidade, o tema ofereceu mais consciência crítica aos adolescentes. Segundo José Edvan Moreira, muitos impactos já podem ser sentidos pela comunidade local. “Pode-se perceber o aumento da temperatura, a crescente urbanização na faixa do rio e ao acúmulo de lixo nas suas margens”, afirmou José Edvan. Para a realização dos estudos, os dados levantados foram comparados com dados de pesquisas realizadas pelas universidades federais do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco sobre a região, de acordo com Edvan Moreira.
“A ocupação das áreas, que consideramos como de preservação constante, preocupa-nos muito devido aos diversos tipos de poluição oriundos da permanência do homem nesses ecossistemas. O homem tem que ter seu próprio espaço, principalmente quando não há conhecimento sobre a fragilidade dos ecossistemas, e deve ser respeitado assim como todo ser vivo que tem sua moradia nesses ambientes”, disse Ocivan Carnaúba.

Segundo José Edvan, a perspectiva futura é que eles participem de novos cursos de aprofundamento, com apoio de parceiros da ONG Filhos do Mangue, como o Instituto Terramar e a Rede de Educação Ambiental do Litoral Cearense (Realce). “Filhos do Mangue são todos aqueles que exercem, no seu cotidiano, práticas conscientes em defesa e preservação da natureza. Somos um grupo aberto e, portanto, convocamos a todos a participarem deste processo de conscientização”, afirmou Ocivan Carnaúba.

Atuando na divulgação dos bens naturais e divulgação de informações sobre o impacto das ações do homem no lugar onde vive e seus desdobramentos sobre o equilíbrio dos ecossistemas, a Associação Filhos do Mangue de Aracati mantém um site (www.filhosdomanguedearacati.blogspot.com) com diversas informações sobre meio ambiente e preservação dos mangues.

A Associação Filhos do Mangue de Aracati destaca entre os seus objetivos: a divulgação dos bens naturais e sua importância para a manutenção da vida; a promoção de eventos culturais a fim de divulgar informações sobre o impacto das ações do homem no lugar onde vive e seus desdobramentos sobre o equilíbrio dos ecossistemas.


http://www.avol.com.br/2009/site/ver_noticia.php?id=53681